Novos manuais ITED e ITUR para o desenvolvimento de projetos de infraestruturas de telecomunicações em Portugal

Novos manuais ITED e ITUR para o desenvolvimento de projetos de infraestruturas de telecomunicações em Portugal

A ANACOM, a autoridade reguladora do sector das comunicações, incluindo as comunicações postais e eletrónicas, em Portugal, aprovou os novos manuais para o desenvolvimento de projetos de infraestruturas de telecomunicações em Portugal, em vigor desde 31 de julho de 2020:

Estes novos manuais consideram a consolidação das atuais necessidades das redes de telecomunicações, bem como a preparação para as novas redes emergentes, estabelecendo os requisitos mínimos para assegurar a qualidade, segurança e funcionalidade destas redes. Neste texto, veremos algumas das novidades mais importantes.

Principais novidades - ITED

Regras gerais de projeto

  1. A sua instalação é obrigatória para todas as unidades de uso independente (tanto residenciais como não residenciais) do edifício. As ZAP, para além das duas tomadas de pares de cobre e das duas tomadas de cabo coaxial, devem incluir duas tomadas de fibra ótica.
  1. Obrigações dos projetos de acordo com o tipo de edifício. Os requisitos dos projetos são agrupados em 3 grupos:
    • Edifícios residenciais.
    • Edifícios de escritórios, comerciais, industriais e especiais.
    • Edifícios mistos.
  2. Edifícios projetados como individuais. Em edifícios com duas ou mais unidades ocupacionais com entradas independentes (por exemplo: conjuntos de habitações unifamiliares) ou sem quadro elétrico de serviços comuns, as infraestruturas podem ser projetadas individualmente.
  3. Numeração das tomadas. Deve ser feito de uma forma sequencial para facilitar a identificação, por exemplo: PC1, PC2,... CC1, CC2,...FO1, FO2,...

Rede de tubagem

  1. CAM (Caixa de Acesso Multioperador). Até agora, a fronteira da rede com a ITUR tinha de ser feita por uma CVM (Câmara de Visita Multioperador). O ITED 4 incorpora uma alternativa, a possibilidade de utilizar uma CAM, instalada numa parede com dimensões mínimas de 220x220x90 mm (largura x altura x profundidade) e cuja abertura, com um dispositivo de fecho, pode ser para o interior ou para o exterior do imóvel. Deve incluir 2 tubos de Ø63 entre a face inferior até ao solo para permitir o acesso aos operadores. A base da caixa deve estar a uma distância máxima de 1,5 m do solo.
  2. Dimensões mínimas e localização da CVM (Câmara de Visita Multioperador). As dimensões mínimas da CVM são 200x200x400 mm (largura x comprimento x profundidade). A sua instalação é sempre no exterior, na via pública ou dentro da propriedade a 1,5 m, no máximo, do ponto limítrofe.
  3. Conexão entre CVM/CAM e o ATE/ATI. A infraestrutura de acesso ao edifício varia os seus parâmetros mínimos, em função do número de unidades de ocupacionais existentes:
Nº de unidades ocupacionaisTubos (Diâmetro em mm)
11 x Ø40
2 a 202 x Ø40
Mais de 202 x Ø63
  1. Tamanho mínimo do ATE (Armário de Telecomunicações do Edifício). Foram modificados os tamanhos mínimos:
Nº de unidades ocupacionaisDimensões (largura x altura x profundidade)
2 a 10500 x 600 x 200
11 a 22800 x 900 x 200
Mais de 23800 x 1000 x 200
  1. Configuração da PAT (Passagem Aérea do Topo): São definidas duas opções mínimas de configuração:
Nº de unidades ocupacionaisTubos (Diâmetro em mm)
11 x Ø40
2 ou mais2 x Ø40

Rede de cablagem

  1. Regulamento dos produtos de construção (CPR). São estabelecidas as classes mínimas de reação ao fogo, de acordo com a norma europeia UNE EN 50575, para os cabos a serem instalados:
    • Local que recebe público: Dca -s2,d2,a1
    • Local que no recebe público: Eca
    • Aplicação no exterior entubado (para todos os locais): Fca

Rede de pares de cobre

  1. Cabos com condutor de cobre: Apenas este tipo de condutor é permitido, portanto, não é possível utilizar cabos com condutores de aço revestidos a cobre ou de alumínio revestido a cobre. Além disso, o diâmetro máximo do condutor passa a ser de 0,8 mm.
  2. Conexões entre PD (Pontos de distribuição). Em vez de cablagem de par de cobre, é permitida a cablagem de fibra ótica, utilizando equipamento para conversão PC/FO e FO/PC.

Rede de fibra ótica

  1. Características dos cabos. Estabelecem-se as categorias OS1a e OS2 como aquelas permitidas para a fibra ótica da instalação.
  2. Atenuação. Os valores de atenuação dependem do tipo de fibra utilizada (OS1a e OS2), devendo cumprir os seguintes limites para comprimentos não superiores a 300 m (para comprimentos superiores a 300 m deve ser adicionado 0,001 dB/m para OS1a e 0,0004 dB/m para OS2):
Tipo de fibraAtenuação
OS1a1.8 dB
OS21,62 dB

Rede de cabos coaxiais

  1. Características dos cabos. O requisito mínimo para a categoria de cabo coaxial é alterado para TCD-C-M e a resistência óhmica do condutor é reduzida para 9 Ω/100 m.
  2. Conectores. A partir do ITED 4, só pode ser utilizado o tipo de conector F. Os conectores rápidos F só são permitidos para ligações que terminem diretamente numa tomada.
  3. Rede híbrida de fibra coaxial (HFC). No caso de um sistema coaxial independente (SCI), a rede S/MATV pode ser projetada com uma solução híbrida de fibra coaxial (HFC).
  4. Atenuação e Slope. Os valores de atenuação e slope das conexões permanentes (as perdas causadas pelos repartidores ou derivadores não serão tidas em conta para este cálculo) devem respeitar os seguintes limites:
FrequênciaAtenuaçãoSlope
47 MHz - 862 MHz13,8 dB10,8 dB
950 MHz - 2150 MHz23,4 dB8,4 dB
  1. Identificação da tomada mais desfavorável e mais favorável. O ITED 4 define a necessidade de identificar a tomada mais desfavorável (-F) e a tomada mais favorável (+F) por edifício. Além disso, requer a identificação da tomada mais desfavorável (-F) e mais favorável (++F) para toda a instalação.
Identificação de tomadas no esquema de rede coaxial

Principais novidades - ITUR

Rede de tubagem

  1. CVMU (Câmara de Visita Multioperador da Urbanização). A fronteira de uma infraestrutura ITUR será realizada através de uma CVMU.
  2. Conexão entre as ITUR e as CVM/CAM. A infraestrutura de ligação entre a ITUR e a CVM/CAM para fornecer aos edifícios os serviços de telecomunicações, pelos operadores, varia os seus parâmetros mínimos em função do número de unidades de utilização no edifício:
Nº de unidades ocupacionais Tubos (Diâmetro en mm)
11 x Ø40
2 a 202 x Ø40
Mais de 202 x Ø63

Rede de cablagem

  1. Regulamento dos produtos de construção (CPR). Tal como o ITED, são estabelecidas as classes mínimas de reação ao fogo, de acordo com a norma europeia UNE EN 50575, que devem ter os cabos instalados na infraestrutura. Neste caso, sendo instalação ao ar livre, a classe mínima aplicável é Fca.
  2. A rede principal pode ser realizada exclusivamente com fibra ótica. É permitido que a rede principal seja realizada apenas com cabos de fibra ótica. A rede de distribuição deve suportar as três tecnologias.

Rede de cabos coaxiais

  1. Atenuação e Slope. Os valores de atenuação e slope das conexões permanentes (as perdas causadas pelos repartidores ou derivadores não serão tidas em conta para este cálculo) devem respeitar os seguintes limites:
FrequênciaAtenuaçãoSlope
47 MHz - 862 MHz13,8 dB10,8 dB

Rede de fibra ótica

  1. Características dos cabos. Estabelecem-se as categorias OS1a e OS2 como aquelas permitidas para a fibra ótica da instalação.
  2. Atenuação. Os valores de atenuação dependem do tipo de fibra utilizada (OS1a e OS2), devendo cumprir os seguintes limites para comprimentos não superiores a 500 m (para comprimentos superiores a 500 m deve ser adicionado 0,001 dB/m para OS1a e 0,0004 dB/m para OS2):
Tipo de fibraAtenuação
OS1a2 dB
OS21,7 dB

Como abordar o projeto

A partir do blog BIMserver.center sugerimos que descarregue as diferentes ferramentas para o desenvolvimento de projetos deste tipo (CYPETEL Systems, CYPETEL Schematics e CYPETEL Project ITED-ITUR). Estes três módulos foram criados estabelecendo um fluxo de trabalho, de acordo com a tecnologia Open BIM, para conceção do traçado, esquemas e listagens, a fim de empreender todas as fases de um projeto desta natureza.

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